Antipalavras
Poesia e microcontos

Orquestras

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as vozes, às vezes
são sons que parecem
timbres instrumentais

Seu João do sindicato
parece um trombone
com sua voz alta
e grave
falando de greve

Dona Suely é uma flauta
transversal soprano
solando arpejos repetidos
de cremes da Avon

o professor Gilberto
fala tanto
de poesia
que suas teclas
já estão desafinadas

Ana, Cristina e Isabela
um naipe de metais:
se encontram
e ninguém fala mais

Jeremias tem a fala
suingada como um violão
tocando uma bossa-nova
no ouvido das meninas

como um violoncelo
é a voz de Joaquim
dando conselhos ao seu neto
ou falando de política

minha voz é sintética
artificial e estranha:
um sintetizador desafinado

mas não importa o timbre
é isso que uma cidade
um pais o mundo são:
imensas orquestras
tocando temas
complexos
bonitos
terríveis
e regidas pelo caos
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Antipalavras

Ou isso é poesia ou não é nada,
um nada absoluto que persiste
em tentar explicar tudo.

Mas um nada que não é ausência,
e sim, preenchimento ao contrário.

Assim como o mito, um nada
que é tudo, a poesia é um nada
superior ao vazio:
Antipalavra que anula a palavra comum,
resultando a realidade.

Essa é a função do poeta
equilibrar com antipalavras
um mundo construído por palavras
para que a ilusão em que todos vivem
adquira existência.

Anti-herói

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Escrevo poesias, contos e crônicas. Toco piano na banda Reino Elétron. Sou formado em Letras e faço Jornalismo na Universidade de Passo Fundo

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